27 novembro 2009

A remistura (The Musik - Yuksek and Brodinsky edit - Ebony Bones)


The Musik (Yuksek and Brodinsky edit)
Ebony Bones


Não conseguindo tirar este tema da cabeça, resolvi publicá-lo. Porque fica na cabeça? Simples. Juntam-se dois meninos de ouro da produção electrónica Francesa e uma das sensações da pop britânica e dá nisto.

Falo de Ebony Bones, revelação em 2007 quando publicou um tema caseiro, gravado da forma mais artesanal possível no seu próprio quarto com garrafas de cerveja e woks. "We know all about you", com o seu espírito tribal e meio spooky, foi sucesso imediato e saltou para os tops da Radio no Reino Unido. Ebony Bones foi referênciada na Rolling Stone, na Vogue, no The Guardian...Podia continuar mas já dá para perceber o impacto da senhora. (Falar-se-á noutra oportunidade do seu Bone of my Bones, album de estreia).

Já os outros dois ingredientes, são Yuksek e Brodinsky. Padrinho e afilhado respectivamente, no que à música electrónica diz respeito. São amigos próximos, é comum econtrá-los a tocar juntos e gabam-se de já ter remisturado The Prodigy, Lady Gaga, Kaiser Chiefs, Mika, Phoenix, Moby, Zombie Nation ou DJ Mehdi. Juntos dão pelo nome de "The Krays". Brodinski começou a produzir música electrónica aos 16 anos. Yuksek tem formação clássica em piano, fã dos Beatles e de música pop e começou a remisturar temas aos 17 anos quando abandonou os estudos. Ambos têm neste momento um peso monstruoso no panorama da música electrónica e dos tour-Dj's que aquecem as noites de LA; peso esse, conseguido em parte depois do sucesso dos compatriotas Justice.

Quanto à remistura, resulta na perfeição. Uns whistles misturados com uns gemidos dão o mote em tons carnavalescos no início do tema seguidos da inconfundível voz de Ebony Bones, uma batida bem simples, umas congas a deixar um cheirinho a tribal, uns pads muito 90's e uma linha de baixo bem grave e poderosa, e uns violinos em tom épico a fechar.

A mestria destes dois rapazes dá uma dimensão, não épica a este tema, mas que promete durar, quase garantidamente até ao verão de 2010.

Continuaremos atentos a mais do que estes dois sabem fazer melhor.

Tiago Mata

The Musik (Yuksek and Brodinsky edit)
Ebony Bones

20 novembro 2009

O artista + O disco (Mayer Hawthorne - A Strange Arrangement

Mayer Hawthorne
A Strange Arangement




Ao ouvir este disco, ficará qualquer um e, com quase certeza absoluta, convencido que se trata de qualquer trabalho de soul clássica, editado algures pelo final dos anos cinquenta, início dos anos sessenta. Olhando depois para a fotografia deste Senhor; Senhor por muitas razões, excepto pela óbvia, o ar jovial deste rapazola de 30 anos; fica-se, já não com a certeza absoluta mas ainda com alguma segurança de que, pelo aspecto da fotografia, estamos na década de cinquenta ou de sessenta. A certeza esfuma-se talvez pelo facto do rapazola da fotografia ser branco e do género, a soul, estar inicialmente associado aos negros, mas olhando ainda por ooutro lado poderia fazer parte da "Blue Eyed Soul", a soul de brancos para brancos, que surge por meados dos anos sessenta.


Todas estas suposições caem por terra ao ouvir uma segunda vez e ao não econtrar nenhuma imperfeição exagerada na qualidade de áudio, característica das gravações da época. Em todos os outros aspectos, ou quase todos, já lá irei, Mayer Hawthorne encaixa na época de ouro da soul, de Menphis ao Tennessee, da Stax Records à Motown.


Mayer Hawthorne, ou Andrew Cohen como lhe chamaram os pais, nasceu em Anne Arbor, colado a Detroit, no estado Norte-Americano do Michigan. A contaminação da rica história de soul e jazz da cidade parece inevitável. Isaac Hayes, Leroy Hutson, Mike Terry, Barry White, Smokey Robinson ou Curtis Mayfield, são alguns dos nomes que Hawthorne recorda das viagens de carro com o pai que era músico. Não pertence ao grupo dos que têm formação vocal de coro de igreja, nem dos que tiveram uma formação profissional em instrumentos (desistiu das aulas de piano por ser demasiado novo) mas parece que a receita resultou apenas com dois ingredientes; primeiro, a influência do pai enquanto músico que acabou por lhe ensinar a tocar baixo, e segundo, ter nascido e sido criado em Detroit. Mas Andrew Cohen não cresceu apenas a ouvir clássicos soul com este ar de cromo. Ouvia metal, The Police e Smashing Pumpkins. Já adolescente apaixonou-se pelo Hip-Hop e assim foi ganhando a vida, passando discos e produzindo para a malta do Hip-Hop.A sua ascenção é no mínimo curiosa. Muda-se para Los Angeles (ainda com o Hip-Hop no sangue), mas teve a sorte, ou o azar, de conhecer Peanut Butter Wolf, patrono da editora Stones Throw que lhe pediu para ouvir algumas das coisas que produzia. Wolf não reconheceu duas delas, sim não reconheceu, nem sequer imaginou que seriam de Cohen e perguntou -lhe que clássicos soul eram aqueles no meio dos temas que lhe tinha entregue. Antes de se render aos factos Wolf ainda questionou Cohen se seriam re-edits de algum artista que não estava a reconhecer. Pois bem. Eram assim tão boas, que pareciam saídas directamente de uma máquina do tempo acabada de aterrar 2009, perdidas na demo de Cohen.

Cohen, aceitou o convite de Wolf e editou, como Mayer Hawthorne, a que pode muito bem ser considerada, a melhor surpresa soul desde a década de setenta. Resultado: A Strange Arangement, um álbum harmoniosamente construído, combinando deliciosos arranjos de piano, sopros metálicos em quantidade apenas suficiente e só e apenas quando a música os pede, letras carregadas de mel, quase lamechas, sempre com o sexo feminino como referência, uns coros que ajudam a encobrir o aspecto que mais acima referia, a não tão boa capacidade vocal de Hawtorne quando comparada com a precisão da composição instrumental. Sim, o rapaz pode não ter a voz de Marvin Gaye ou Curtis Mayfield, mas vejamos, compôs, toucou e masterizou todo o álbum, praticamente sozinho, exepto em alguns dos coros. Não é de homem, é de Senhor.

"Just Ain't Gonna Work Out" entra no ouvido como qualquer música pop com uma incrível astúcia, a voz de Hawthorne em falsete, uma simples linha de baixo e um coro a poucas vozes a fechar a receita. "Your Easy Lovin' Ain't Pleasin' Nothin" põe o maior pé-de-chumbo a dançar a um rito frenético. Mesmo a puxar pela voz, com "I'm sorry" Hawthorne derreteria o coração de qualquer adolescente há 50 anos atrás. Em "Maybe so, maybe no" os arranjos de metais e agudos tiros vocais dão ao tema um ar bem mais funky.

Para ouvir e deixar-se viciar. Não será com certeza difícil. O disco não faz, de todo, jus ao nome. A Strange Arrangement tem de tudo, menos arranjos estranhos. Já disponível pela Stones Throw em vários formatos.

Um ex-DJ de HIP-Hop a ter em conta.


Quem: Mayer Hawthorne

O quê: A Strange Arangement

Onde comprar: Em breve na FLUR, http://www.flur.pt/; Juno Records, CD €13.38

TrackList:
1 Prelude
2 A Strange Arrangement
3 Just Ain't Gonna Work Out
4 Maybe So, Maybe No
5 Your Easy Lovin' Ain't Pleasin' Nothin'
6 I Wish It Would Rain
7 Make Her Mine
8 One Track Mind
9 The Ills
10 Shiny & New
11 Let Me Know
12 Green Eyed Love
Para ouvir aqui

Vídeo - Just ain't gonna work out


Mayer Hawthorne Myspace

Stones Throw Site

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Tiago Mata

19 novembro 2009

O discO (PNAU, PNAU)


PNAU
PNAU

Parece que da terra dos cangurus e coalas continuam a vir coisas boas. Depois de a Austrália nos ter dado a conhecer os
Cut Copy, os Midnight Juggernauts, ou os mais recentes Empire of the Sun eis que começam a dar nas vistas por cá os PNAU (pronunciem como quiserem). Digo depois, mas referindo-me apenas à ordem de aparecimento e resultante reconhecimento, pois este projecto surge em 1999, bem antes de qualquer um dos anteriormente referidos e arrisco-me a dizer, terá deixado o trilho para esta vaga de pop electrónica Australiana.

A dupla é composta por Peter Mayes e Nick Littlemore. Nick é também uma das partes do projecto Empire of the Sun (facilmente reconhecível através de qualquer videoclip). Editaram o seu primeiro álbum, "Sambanova" em 2000 pela grande e comercial "Warner" Australiana que foi retirado do mercado devido a samples ilegalmente utilizados. Depois de alguns singles e outro álbum, chega-nos o 3º desta dupla Australiana.


O álbum homónimo (PNAU, 2007 pela "etcetc") é uma lufada de ar fresco, não nesta "electro-pop-wave" Australiana, que para já não parece ter prazo de validade, mas para o conceito de música pop de modo geral.

É essa a ideia que fica na cabeça ao ouvir "Baby", frescura. Pela batida assertiva, as congas e multiplicidade de sopros a darem um lado quase tribal ao tema mas por outro a fazerem lembrar o relaxante St.Germain. As vozes em coro da criançada, que tornam inevitável a comparação a "Dance" dos Franceses Justice também funcionam muito bem, sem chegar ao extremo do infantil.

Pelo meio fica ainda "Wild Strawberries" com uns escandalosamente electrizantes riffs de sintetizador a fazer lembrar klaxons ou o punk electrónico dos The Prodigy e "No more violence" com um toque do bem trashy e electro The Toxic Avenger nos samples de guitarra eléctrica que por outro lado remete para um universo mais rock com a letra a condizer e fazer uma apelo político (os coros mais uma vez a ajudarem dando a força reivindicativa necessária para passar a mensagem), "No more violence, no more silence, one, two, three, four, we won't take it anymore".

Há espaço ainda para uns, bem mais pop "Shock To My System" e "Embrace" com a vizinha Ladyhawk a emprestar a voz, para um épico "Come Together" a usar mais uma vez os coros infantis, para "We Have Tommorow" a ir buscar tudo o que podia e não podia aos anos 90, a fazer lembrar Culture Beat, Snap ou ainda Mc Hammer.


No final fica uma agradável surpresa, de uma pop que sabe ser frenética e bem calculada ao mesmo tempo, desviando-se sem se perder quer para um lado mais techno, quer para um lado mais rock, mas que, em qualquer destes formatos, fica no ouvido que é isso que se quer do género.

Ficamos a aguardar pelos EP's com remisturas.


Quem?:PNAU

O quê?:PNAU pela "etcetc", 2007

Onde Comprar:? http://www.gemm.com/ (CD 24,62$), http://www.play.com/ (CD, 15,49€), http://www.powerplaydirect.com/ (CD, 10,99£).

Tracklist:

1 With You Forever
2 Wild Strawberries
3 Shock to My System
4 Baby
5 Come Together
6 We Have Tomorrow
7 Lover
8 No More Violence
9 Embrace
10 Dancing On the Water
11 Freedom
12 Die With Us

PNAU Myspace
Um jogo ao estilo puzzle bubble com um wild strawberry aos pulos (!?!)
PNAU site


"Baby" - Vídeo oficial




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Tiago Mata

16 novembro 2009

O discO (SMD - Temporary Pleasure)

Simian Mobile Disco
Temporary Pleasure


A primeira escolha para este espaço recai sobre os simian mobile disco, com o seu novo LP "Temporary Pleasure" editado pela Wichita.

A Fénix dos extintos Simian, dupla Inglesa de James Ford e Anthony Shaw traz-nos o seu terceiro álbum de originais. Dez faixas bem eléctricas, desde "Audacity Of Huge" com linhas de baixo sintetizadas bem 80's, passando pela onda mais disco de "Cruel Intensions" ou ainda pelo frenetismo techno de "Synthesise" até à muito deep "Bad Blood" com a voz de Alexis Taylor (Hot Chip) a saber a tudo menos a bad blood.

As contribuições vocais marcam, pela positiva, este trabalho que conta com um quase irreconhecível e muito "distorcido" Jamie Lidell em "Off the map", com Beth Ditto dos Gossip, muito ao seu estilo, com a faixa "Cruel Intentions" a viver quase apenas da sua poderosa voz e um preciso baixo e ainda uma adoçada Alexis Taylor em "Bad Blood".


Quem: Simian Mobile Disco

O quê: Temporary Pleasure LP (Wichita, Aug 09)

Onde comprar?: Juno Records, €18.99

TrackList:
1 Cream Dream
2 Audacity Of Huge
3 10,000 Horses Can't Be Wrong
4 Cruel Intentions
5 Off The Map
6 Synthesise
7 Bad Blood
8 Turn Up The Dial
9 Ambulance
10 Pinball

SMD Myspace
SMD Site

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Tiago Mata
 

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