11 fevereiro 2011

O Maxi Single (Mark Ronson & The Business Intl. - Bang Bang Bang)


Passado mais de um ano, novo artigo "Clube de Discos", faltava paciência e tempo. Espero que não tenham arrumado o blog. Toca a tirar da gaveta sff.

Mark Ronson & The Business Intl
Bang Bang Bang



"Alouette, gentille alouette, alouette je te plumerai", assim diz o refrão da canção infantil, enraizada na cabeça de qualquer criança, de um qualquer país Francófono, que tenha nascido nas décadas de 70 e 80. O objectivo da música, como qualquer música infantil deve ter, é ser educativa, neste caso o de dar a conhecer às crianças as diferentes partes do corpo, através da letra da canção (estranho para quem não cresceu a ouvir isto e a apontar com o indicador a cabeça, o braço, etc). Fazendo eu parte deste lote, não seria de estranhar que, mal tenha visto um clip com alguém a cantarolar estas palavras, esse facto despertasse uma sensação familiar no meu cérebro.

Passando ao que interessa, qualquer conhecedor, mesmo que menos atento, desta multi-facetada personagem (DJ, Produtor, Guitarrista), se questionará o que passou pela cabeça de Mark Ronson quando desenvolveu o seu mais recente projecto, album e consequente faixa, "Bang Bang Bang" (Maxi Single, set.2010, editado pela Columbia Recs.)

Primeiro, porquê pegar nesta canção popularucha? Porquê pegar numa canção infantil com uma letra cujo significado não ultrapassa o seu objectivo primário, o de ser educativo? Não conseguindo responder a tal enigma vou ficar-me por aqui. Segundo, porquê esta mudança tão radical no estilo, na sonoridade, na atitude da música de Mark Ronson. Porquê que, depois de ter editado três álbuns, um deles de versões de música pop em estilo orquestra, depois de ter sido padrinho da carreira de Amy Winehouse, depois de ter produzido para nomes como Macy Gray, Christina Aguilera, Lily Allen e Robbie Williams num registo musical relativamente coerente, Ronson mergulha numa aventura a quatro em formato banda (Mark Ronson & The Business Intl.) com Nick Movshon (baixo) Victor Axelrod (teclas e percussão) e Homer Steinwess (bateria), tudo malta criada na music scene de brooklin, num registo tão 80's, tão diferente dos trabalhos anteriores? Porque Mark Ronson tem estatuto, conhecimentos na indústria e, sobretudo, versatilidade para tal.



"Bang Bang Bang", o single extraído do seu mais recente álbum "Record Collection" prova isso mesmo. Uma linha de sintetizador electrizante logo a abrir sustentado, depois, por uma uma batida quatro por quatro simples, receita eficazmente comprovada na década de 80 por qualquer banda Synth-Pop, pelo grande Giorgio Moroder, pelos Human League ou ainda pelos Desireless e Alphaville. O videoclip (realizado por Warren Fu, ligado aos efeitos especiais em filmes como Star Trek, Star Wars: Episódio I e II, A.I. Inteligência Artificial ou Piratas das Caraíbas - A Maldição do Pérola Negra) faz jus à música e transporta-nos para um episódio de Power Rangers ou uma qualquer cena de Tron, não sem antes fazer a brincadeira (é hábito nos seus videoclips) com um talkshow Japonês em que Ronson é convidado a apresentar o seu novo trabalho. Muita cor, muito movimento, muitos neons num ambiente de cinema de ficção científica.

Uma última curiosidade: analizemos a evolução e o ecletismo musical de Mark Ronson desde "Ouh wee" (1) em 2003, passando por "Oh My God" (2) com Lilly Allen, ainda com "Valerie" (3) com Amy Winehouse, até à fase actual com este fenomenal "Bang Bang Bang"(4) com a sua banda Mark Ronson & the Business Intl. Deliciem-se com este último.

Muito respeitinho a este senhor.


1     
2     
3    
4     



Quem: Mark Ronson & The Business Intl.

O quê: Bang Bang Bang

Onde comprar: Juno Recs. Maxi-single, 5.90€

TrackList:

1 "Bang Bang Bang" (album version)
2 "Bang Bang Bang" (Russ Chimes Remix)
3 "Bang Bang Bang" (The Count & Sinden Remix)
4 "Bang Bang Bang" (SBTRKT Remix)



Deixem as vossa opiniões.

Tiago Mata

06 janeiro 2010

O Artista + o Disco (Greg Wilson - Credit To The Edit Vol.2)



Greg Wilson
Credit To The Edit Vol.2


A rapidez e facilidade com que absorvi esta nova compilação de Greg Wilson torna, por um lado talvez, precipitada mas por outro, também muito entusiasmante a sua análise. Isto porque ouvi falar deste produtor Britânico à relativamente pouco tempo e nesse pouco tempo foi extremamente agradável ao ouvido.

Greg Wilson é um DJ/Produtor associado à dance scene de Manchester ali por meados da década de 80 e início da década de 90. Comçou bem antes disso, com 15 anos, a passar jazz, funk, soul e disco até os anos 80 mudarem o panorama músical. O gosto musical evoluiu e trouxe-lhe o gosto pelo que a revolução electrónica trazia de novo. A reinventada disco da altura, cheia de novos sons, e o nascimento do Hip-Hop com Afrika Bambaataa marcaram o sua ascenção e passou a ser conhecido como um dos impulsionadores da música electrónica da altura, que tanto furor fazia nas pistas do Reino Unido. Em 1983 é convidado como residente para o Fac51 Haçienda, mais conhecido como Haçienda (casa rainha da onda acidhouse, rave e new-wave no Reino-Unido) onde está apenas durante um ano a incendiar a pista de dança. Dedica-se, a partir de 84, a um novo projecto: os Broken Glass, e à produção e remisturas trabalhando com Ruthless Rap Assassins, Yello e Kiss AMC. Volta aos pratos em 2003. Para os interessados, passa pelo Lux este dia 15 de Janeiro. Não vão em massa por favor, não me apetece esperar na fila.

Quanto ao disco, Credit To The Edits Vol.2 (editado pela Tirk), vem bastante atrasado (estava previsto para 2007. Só saiu em 2009) mas muito bem recebido pela crítica, também devido ao sucesso e impacto do primeiro volume. Tanto o primeiro como este trabalho consistem na reedição de temas que atravessam as décadas de 70 80 e 90. Da Soul à Disco até à New-Wave. Alguns, contemporâneos de Greg Wilson; outros, companheiros de guerra no Haçienda; e outros ainda, artistas que o marcaram ao longo da sua longa e experiente carreira na música. Tudo isto reconstruido com o preciosismo de um mestre costureiro da música, num cenário bem regado com linhas de baixo, efeitos sintetizados tirados de um qualquer filme de ficção científica dos anos 70, reverbs com fartura e guitarradas de fazer bater o pé.

Destaques para o clássico dos Roxy Music, "Love Is The Drug", que dá uma perspectiva ainda mais dançável ao original e para o underground hit "Oh Snap" a dar a deixa para este disco: "Party time is everytime and everytime is party time".

Funkalicious.


Quem: Greg Wilson

O quê: Credit To The Edit Vol.2

Onde comprar: http://www.flur.pt; Juno Records

TrackList:
1 Roxy Music - Love Is The Drug
2 40 Thieves - Don't Turn It Off
3 A Guy Called Gerald - Voodoo ray
4 Sugardaddy - Love Honey
5 Ignition - Secret Sunday Lover
6 Crazy P - Lady T
7 Gary Davis - One Life Time To Live
8 Escort - Starlight
9 Nick Chacona & Anthony Mansfield - Oh Snap!
10 Klein & MBO - Dirty Talk
11 Orchestral Manoeuvres In The Dark
12 The Third Degree - Mercy


Roxy Music - Love Is The Drug


Nick Chacona & Anthony Mansfield - Oh Snap!



Greg Wilson Myspace

Tirk website

Deixem as vossa opiniões.

Tiago Mata

04 dezembro 2009

O tema (Duck Sauce - Anyway)

Duck Sauce
Anyway




Depois da colaboração com Dizzee Rascal, onde deixou bem claro a facilidade com que se move em terrenos musicais que não são propriamente os seus, Armand Van Helden volta a uma colaboração, escolhida a dedo desta vez. Pode dar-se a esse luxo. Neste caso o parceiro é o irmão de David Macklovitch, membro da dupla Chromeo. A-Trak é mestre do prato (DJ pessoal de Kanye West na sua tour de 2004). Combina como ninguém o Hip- Hop com a música electrónica dando-lhe, como resultado final, uma sonoridade que encaixa ali algures entre a Ed Banger e os intergalácticos Daft Punk mas que consegue não ficar preso entre as duas barreiras. O resultado desta mistura é aposta segura sem sequer ouvir. Ao ouvir é surpreendente.

A minha primeira questão sobre o tema "Anyway", foi tentar perceber como é que, musicalmente, um mestre da produção de House e um DJ/produtor bem electro se saem com um tema Disco/Funk tão fresco e tão bombástico? A resposta só pode estar no vastíssimo conhecimento da "dance scene" e versatilidade de Armand van Helden e nas influências de A-Trak, que caso tenham curiosidade em ouvir e conhecer melhor, perceberão que o rapaz tem a história do Disco Sound bem estudada.

A edição do EP estava prometida para Setembro, pela Fool's Good, com mais um tema, "You're Nasty" mas, sem confirmação oficial da editora quanto à data de lançamento, encontram por aí edições apenas de "Anyway" com um preço assustador apenas para uma faixa mas que vale, sem dúvida alguma, a pena. Um molhinho de pato de saborear e lamber os dedos, como anuncia o senhor no videoclip.


Quem: Duck Sauce

O quê: Anyway

Onde comprar: HTFR, 6,99£; Decks, 7,39€

TrackList:
1 Anyway




Duck Sauce Myspace
Fools's Good Site


Deixem as vossa opiniões.

Tiago Mata

27 novembro 2009

A remistura (The Musik - Yuksek and Brodinsky edit - Ebony Bones)


The Musik (Yuksek and Brodinsky edit)
Ebony Bones


Não conseguindo tirar este tema da cabeça, resolvi publicá-lo. Porque fica na cabeça? Simples. Juntam-se dois meninos de ouro da produção electrónica Francesa e uma das sensações da pop britânica e dá nisto.

Falo de Ebony Bones, revelação em 2007 quando publicou um tema caseiro, gravado da forma mais artesanal possível no seu próprio quarto com garrafas de cerveja e woks. "We know all about you", com o seu espírito tribal e meio spooky, foi sucesso imediato e saltou para os tops da Radio no Reino Unido. Ebony Bones foi referênciada na Rolling Stone, na Vogue, no The Guardian...Podia continuar mas já dá para perceber o impacto da senhora. (Falar-se-á noutra oportunidade do seu Bone of my Bones, album de estreia).

Já os outros dois ingredientes, são Yuksek e Brodinsky. Padrinho e afilhado respectivamente, no que à música electrónica diz respeito. São amigos próximos, é comum econtrá-los a tocar juntos e gabam-se de já ter remisturado The Prodigy, Lady Gaga, Kaiser Chiefs, Mika, Phoenix, Moby, Zombie Nation ou DJ Mehdi. Juntos dão pelo nome de "The Krays". Brodinski começou a produzir música electrónica aos 16 anos. Yuksek tem formação clássica em piano, fã dos Beatles e de música pop e começou a remisturar temas aos 17 anos quando abandonou os estudos. Ambos têm neste momento um peso monstruoso no panorama da música electrónica e dos tour-Dj's que aquecem as noites de LA; peso esse, conseguido em parte depois do sucesso dos compatriotas Justice.

Quanto à remistura, resulta na perfeição. Uns whistles misturados com uns gemidos dão o mote em tons carnavalescos no início do tema seguidos da inconfundível voz de Ebony Bones, uma batida bem simples, umas congas a deixar um cheirinho a tribal, uns pads muito 90's e uma linha de baixo bem grave e poderosa, e uns violinos em tom épico a fechar.

A mestria destes dois rapazes dá uma dimensão, não épica a este tema, mas que promete durar, quase garantidamente até ao verão de 2010.

Continuaremos atentos a mais do que estes dois sabem fazer melhor.

Tiago Mata

The Musik (Yuksek and Brodinsky edit)
Ebony Bones

20 novembro 2009

O artista + O disco (Mayer Hawthorne - A Strange Arrangement

Mayer Hawthorne
A Strange Arangement




Ao ouvir este disco, ficará qualquer um e, com quase certeza absoluta, convencido que se trata de qualquer trabalho de soul clássica, editado algures pelo final dos anos cinquenta, início dos anos sessenta. Olhando depois para a fotografia deste Senhor; Senhor por muitas razões, excepto pela óbvia, o ar jovial deste rapazola de 30 anos; fica-se, já não com a certeza absoluta mas ainda com alguma segurança de que, pelo aspecto da fotografia, estamos na década de cinquenta ou de sessenta. A certeza esfuma-se talvez pelo facto do rapazola da fotografia ser branco e do género, a soul, estar inicialmente associado aos negros, mas olhando ainda por ooutro lado poderia fazer parte da "Blue Eyed Soul", a soul de brancos para brancos, que surge por meados dos anos sessenta.


Todas estas suposições caem por terra ao ouvir uma segunda vez e ao não econtrar nenhuma imperfeição exagerada na qualidade de áudio, característica das gravações da época. Em todos os outros aspectos, ou quase todos, já lá irei, Mayer Hawthorne encaixa na época de ouro da soul, de Menphis ao Tennessee, da Stax Records à Motown.


Mayer Hawthorne, ou Andrew Cohen como lhe chamaram os pais, nasceu em Anne Arbor, colado a Detroit, no estado Norte-Americano do Michigan. A contaminação da rica história de soul e jazz da cidade parece inevitável. Isaac Hayes, Leroy Hutson, Mike Terry, Barry White, Smokey Robinson ou Curtis Mayfield, são alguns dos nomes que Hawthorne recorda das viagens de carro com o pai que era músico. Não pertence ao grupo dos que têm formação vocal de coro de igreja, nem dos que tiveram uma formação profissional em instrumentos (desistiu das aulas de piano por ser demasiado novo) mas parece que a receita resultou apenas com dois ingredientes; primeiro, a influência do pai enquanto músico que acabou por lhe ensinar a tocar baixo, e segundo, ter nascido e sido criado em Detroit. Mas Andrew Cohen não cresceu apenas a ouvir clássicos soul com este ar de cromo. Ouvia metal, The Police e Smashing Pumpkins. Já adolescente apaixonou-se pelo Hip-Hop e assim foi ganhando a vida, passando discos e produzindo para a malta do Hip-Hop.A sua ascenção é no mínimo curiosa. Muda-se para Los Angeles (ainda com o Hip-Hop no sangue), mas teve a sorte, ou o azar, de conhecer Peanut Butter Wolf, patrono da editora Stones Throw que lhe pediu para ouvir algumas das coisas que produzia. Wolf não reconheceu duas delas, sim não reconheceu, nem sequer imaginou que seriam de Cohen e perguntou -lhe que clássicos soul eram aqueles no meio dos temas que lhe tinha entregue. Antes de se render aos factos Wolf ainda questionou Cohen se seriam re-edits de algum artista que não estava a reconhecer. Pois bem. Eram assim tão boas, que pareciam saídas directamente de uma máquina do tempo acabada de aterrar 2009, perdidas na demo de Cohen.

Cohen, aceitou o convite de Wolf e editou, como Mayer Hawthorne, a que pode muito bem ser considerada, a melhor surpresa soul desde a década de setenta. Resultado: A Strange Arangement, um álbum harmoniosamente construído, combinando deliciosos arranjos de piano, sopros metálicos em quantidade apenas suficiente e só e apenas quando a música os pede, letras carregadas de mel, quase lamechas, sempre com o sexo feminino como referência, uns coros que ajudam a encobrir o aspecto que mais acima referia, a não tão boa capacidade vocal de Hawtorne quando comparada com a precisão da composição instrumental. Sim, o rapaz pode não ter a voz de Marvin Gaye ou Curtis Mayfield, mas vejamos, compôs, toucou e masterizou todo o álbum, praticamente sozinho, exepto em alguns dos coros. Não é de homem, é de Senhor.

"Just Ain't Gonna Work Out" entra no ouvido como qualquer música pop com uma incrível astúcia, a voz de Hawthorne em falsete, uma simples linha de baixo e um coro a poucas vozes a fechar a receita. "Your Easy Lovin' Ain't Pleasin' Nothin" põe o maior pé-de-chumbo a dançar a um rito frenético. Mesmo a puxar pela voz, com "I'm sorry" Hawthorne derreteria o coração de qualquer adolescente há 50 anos atrás. Em "Maybe so, maybe no" os arranjos de metais e agudos tiros vocais dão ao tema um ar bem mais funky.

Para ouvir e deixar-se viciar. Não será com certeza difícil. O disco não faz, de todo, jus ao nome. A Strange Arrangement tem de tudo, menos arranjos estranhos. Já disponível pela Stones Throw em vários formatos.

Um ex-DJ de HIP-Hop a ter em conta.


Quem: Mayer Hawthorne

O quê: A Strange Arangement

Onde comprar: Em breve na FLUR, http://www.flur.pt/; Juno Records, CD €13.38

TrackList:
1 Prelude
2 A Strange Arrangement
3 Just Ain't Gonna Work Out
4 Maybe So, Maybe No
5 Your Easy Lovin' Ain't Pleasin' Nothin'
6 I Wish It Would Rain
7 Make Her Mine
8 One Track Mind
9 The Ills
10 Shiny & New
11 Let Me Know
12 Green Eyed Love
Para ouvir aqui

Vídeo - Just ain't gonna work out


Mayer Hawthorne Myspace

Stones Throw Site

Deixem as vossa opiniões.

Tiago Mata

 

blog graphics
Piperlime Shoe Store